domingo, setembro 25, 2011

continuação ...





A realidade, sendo una e universal, apresenta-se, no entanto, a nossos olhos como múltipla e fragmentária, particular, efêmera e limitada. Esta visão de “superfície” implica, aliás, numa dualidade que convém resolver, já que como tal não poderia realmente subsistir, estando em si mesma dividida. As analogias e correspondências simbólicas são os laços que permitem articular, dentro de uma mesma esfera inteligível, duas realidades, estados ou mundos aparentemente díspares e inconexos.

A conhecida figura do Selo Salomônico, sintetiza esotericamente esta realidade, o desenrolar integral do Cosmo através da cópula indissolúvel dos dois aspectos polarizados e complementares de uma mesma entidade Universal. A projeção triangular dos princípios universais do Ser (triângulo superior) no “espelho das águas” ou substância universal (triângulo inferior) produz a “reflexão cósmica” de todas suas possibilidades existenciais, o mundo em sua indefinida variedade e continuidade.

No caso do símbolo da cruz, a oposição dos dois triângulos que, no fundo, é uma complementação onde se resolvem as contradições, produz-se de duas em duas, dando lugar às leis da simetria no homem e no Cosmo.

As inter-relações dos símbolos entre si promovem processos mentais, nos que se geram códigos para a comunicação, vale dizer para a recepção e transmissão de mensagens, dando lugar ao discurso do mundo e do homem.

Assinalaremos também que o Selo Salomônico se encontra presente em tradições tanto do Oriente como do Ocidente, e na Tradição Hermética é um dos símbolos que melhor grafam a conhecida sentença da “Tábua de Esmeralda”, fundamento das leis da analogia e das correspondências: “o que está acima é como o que está abaixo, o que está abaixo é como o que está acima”.

Deve-se ter em conta, ainda, uma preeminência hierárquica do de cima (o Céu) com respeito ao de baixo (a Terra), pois como dissemos, o triângulo inferior (invertido) é um reflexo do triângulo superior (direito).

Cabalisticamente o valor numérico deste símbolo é 6 (3 + 3), o que o põe em relação com a sefirah Tifereth que, como sabemos, constitui o coração e o centro da Árvore da Vida, pois nela confluem, entrelaçam-se e se equilibram as energias das sefiroth restantes. Por isso, também é considerado um símbolo da harmonia e da síntese, que se fazem presentes em nosso interior quando nos abrimos às verdades eternas e nos deixamos fecundar por elas.

Lembraremos, neste sentido, que o triângulo invertido deste “Selo” é precisamente um dos símbolos do coração e da copa, recipiendários dos eflúvios celestes.